Como são formados aqueles que formam

o cirurgião-dentista brasileiro?

 

A condição do professor e os conhecimentos do profissional que se dedica à formação odontológica brasileira têm lugar de destaque na 48ª Reunião Anual da Abeno, que acontece de 21 a 23 de agosto, no Rio de Janeiro

Existem muitos desafios na prática de ensinar e aprender, que, cada vez mais, requer saberes próprios frente às demandas contemporâneas da sociedade. Os conhecimentos do docente expressam a condição profissional do professor e compromissos e habilidades que ele precisa mobilizar para exercer sua profissão. Diante disso, a 48ª Reunião da Abeno, que acontece de 21 a 23 de agosto, no Windsor Guanabara Hotel, no Rio de Janeiro (RJ), reserva espaço privilegiado em sua programação para a discussão do tema Formação e Saberes.

A reunião será realizada no primeiro dia do evento, das 17h30 às 19h, com os professores Maria Isabel da Cunha, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Mario Uriarte Neto, da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), e Elaine Bauer Veeck, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Será enfocada a relação dos saberes docentes no campo da pedagogia universitária, levando em conta o contexto da educação superior brasileira que, de acordo com Maria Isabel da Cunha, “vive um momento de democratização de acesso aos bancos universitários, alterando os perfis tradicionais dos estudantes que, anteriormente, estavam selecionados pela lógica da meritocracia”. Para a professora, essa condição exige muito mais dos docentes e das instituições, que precisam acionar novas formas de ensinar e aprender. “Os saberes docentes são complexos, pois exigem inter-relações de conhecimentos de diferentes naturezas, tais como o conhecimento do campo científico a ser ensinado, conhecimento das ciências pedagógicas, do contexto social e das condições socioculturais dos estudantes”, explica.

Ensino da odontologia

No contexto da Odontologia, a professora acredita que o ensino no Brasil é, em geral, reconhecido por sua qualidade, mas que enfrenta o desafio de chegar à saúde pública com a mesma competência com a qual capitaliza os avanços nas especialidades odontológicas. “Essa é uma demanda que corre a par e passo com as políticas públicas. Não pode, entretanto, deixar de responsabilizar a formação.” Entre os desafios a serem superados estariam a busca por um ensino superior democratizado, protagonizar o sucesso na aprendizagem dos estudantes, equilibrar produtividade científica e dedicação ao ensino e aliar a relação pessoal com os meios tecnológicos. “No caso da Odontologia, creio que a relação teoria-prática se estabelece com forte exigência para os professores”, complementa.

Para a profa. Maria Isabel Cunha, as entidades de ensino precisam liderar discussões e propostas que aliem os campos epistemológicos envolvidos no ensino da Odontologia e as formas de ensinar a profissão. “As associações devem ainda alavancar a pesquisa sobre o ensino na área, nem sempre prestigiado no ambiente das faculdades e dos programas de pós-graduação,  aproveitar políticas como o Pró-Saúde para ser construída uma base de experiências, favorecer trabalhos coletivos, em redes, pois esta é a alternativa que pode ter maior impacto. A Abeno é uma verdadeira protagonista desse processo.”

Estudantes e professores vão ao Rio

A exemplo da edição passada, a Abeno realiza na 48ª Reunião encontro com estudantes de graduação, com o objetivo de aprimorar a comunicação da entidade com os futuros cirurgiões-dentistas e contribuir com a atividade estudantil. Neste ano a reunião paralela dos estudantes acontece no dia 21 e será coordenada pela presidente da Abeno, profa. Maria Celeste Morita, da UEL, pelo vice-presidente, prof. Adair Busato, da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), e pelo prof. Cláudio José Amante, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). 

Com o tema geral Ser Professor, a 48ª Reunião também terá discussões sobre Teleodontologia, com coordenação dos professores João Humberto Antoniazzi e Ana Estela Haddad, da Universidade de São Paulo (USP), e oficina de elaboração de itens para o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), com o prof. Mauro Luiz Rabelo, da Universidade de Brasília (UnB). A programação completa está disponível no site http://reuniaoanual.abeno.org.br/48reuniao/.

 

A Associação Brasileira de Ensino Odontológico foi fundada em 1956 e congrega representantes das instituições de ensino odontológico no Brasil. Consolidou-se como espaço privilegiado de debate de políticas no setor, permitindo o encontro de lideranças, formuladores de políticas, diretores de faculdades, coordenadores de curso, professores e alunos de graduação e pós-graduação preocupados com a educação do cirurgião-dentista. www.abeno.org.br